sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Carta ao inofensivo.

Eu entendo.
E digo que se eu fosse dona desta capa,
agiria da mesma forma.
Talvez mais fria, menos emotiva,
Não, não tenho raiva, e deveria ter?
culpa?nem minha, nem tua, nem de terceiros,
a vida que tem mania de seguir em frente...
dói perder o que a gente julga nosso,
e digo que na verdade não existe "nosso"
quando o assunto são pessoas,
eu por exemplo, me julgo minha,
mas quem pode me dar certeza de que eu nunca
vou me perder de mim mesma?
nem teu, nem meu, nem de ninguém, dele mesmo.
se não o fosse, não teria me encantando tanto.
Logo eu, louca, desvairada, perdida na vida...
O fato é que dessa vez não seria diferente.
Morte súbita. morte? certamente súbita! Pensei.
Golpe de Estado, ele disse.
Não me sinto melhor ou pior por escrever isto,
escrevo apenas pra tirar de mim o que não pode ser dito.
Também, pra mim tanto faz o que pensas,
só me coloquei em teu lugar por alguns segundos.
Tanto faz...
(J.B.)





"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia. Como cavar na terra até encontrar a água negra, como abrir passagem na terra dura e chegar jamais a si mesma?
(C. Lispector)

Um comentário:

Mariana Junqueira disse...

SENSACIONAL, Jéssica. Muito bom te conhecer decifrando códigos literários.Adorei "carta ao inofensivo".