quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ange.


Um dia escutando o chacoalhar das árvores,
e olhando pra o que parece não ter fim,
me veio a razão,
a vida tem sim um motivo pra acontecer,
pra acontecer sim,
porque a vida é só um acontecimento
diante de vários que vamos ter nessa imensidão de universo.

Os anjos, de onde vem?


(J.B.)




Magamalabares
Acqua Marã
Um barquinho oxaiê
Quem esteve aqui
Viu barquinho de gazeta
Ancorar no mistério
Notas musicais
Dentre bolas de sabão
que de nossas serenatas vieram
Flores que ofertamos e que nunca morrerão
em vasos e jarros se bronzeiam
Os anjos de onde vem?
sua vida bem-vinda na trilha
Os livros não são sinceros
Quem tem Deus como império
No mundo não está sozinho
Ouvindo sininhos

(Marisa Monte - Magamalabares)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Carta ao inofensivo.

Eu entendo.
E digo que se eu fosse dona desta capa,
agiria da mesma forma.
Talvez mais fria, menos emotiva,
Não, não tenho raiva, e deveria ter?
culpa?nem minha, nem tua, nem de terceiros,
a vida que tem mania de seguir em frente...
dói perder o que a gente julga nosso,
e digo que na verdade não existe "nosso"
quando o assunto são pessoas,
eu por exemplo, me julgo minha,
mas quem pode me dar certeza de que eu nunca
vou me perder de mim mesma?
nem teu, nem meu, nem de ninguém, dele mesmo.
se não o fosse, não teria me encantando tanto.
Logo eu, louca, desvairada, perdida na vida...
O fato é que dessa vez não seria diferente.
Morte súbita. morte? certamente súbita! Pensei.
Golpe de Estado, ele disse.
Não me sinto melhor ou pior por escrever isto,
escrevo apenas pra tirar de mim o que não pode ser dito.
Também, pra mim tanto faz o que pensas,
só me coloquei em teu lugar por alguns segundos.
Tanto faz...
(J.B.)





"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia. Como cavar na terra até encontrar a água negra, como abrir passagem na terra dura e chegar jamais a si mesma?
(C. Lispector)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Rima pobre.

agora que tantos planos fizemos,
que tantos sonhos seremos,
agora que dividimos teto,louça,roupa
digo que me fazes de louca,
por amar-te tanto,
por ser brasa,calmaria e vento,
tudo ao mesmo tempo,
ao nosso tempo.
(J.B.)

Rima chula, só pra desabafar um pouco...
saudades do meu amor que viajou...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

(Só mais um parêntese)

Depois de muito tempo resolvi postar, blog entregue as moscas,ou não...
De fato,meus amigos lêem o que eu escrevo,e é por causa deles,estes que
moram longe e que ainda assim moram aqui dentro que continuo postando.
Thamara,te amo muito.


Sonhar fácil.
Dificil realizar.
Exacerbadamente racional,
exacerbadamente passional,
Dividida entre passeios lúdicos e reais.
deveria eu desistir e nunca mais?
jamais.
(J.B.)






Sonhe com o que você quiser.
Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldadespara fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
(Clarice Lispector)

domingo, 23 de agosto de 2009

La musique.




É só meu coração batendo..
a música dos sentidos...
entrelaçados,
minha boca na tua,
em uma dança misteriosamente aprazível.
Onde não se sabe onde é o começo e o fim de cada um.
meus olhos nos teus...
duas almas,
dois corpos.
de repente,
me transponho no espaço,
e a música dos sentidos me parece mais e mais alta....
Não mais duas, mas uma alma.
Não mais dois, mas um só corpo.
Embebedado de afeto e instinto,
mais e mais alto...
Agora eu sou você e você sou eu.

(Jéssica Bittencourt)

sábado, 1 de agosto de 2009

3:30am


Esse copo na mão não passa de incerteza,
Essa vontade de engolir o mundo não passa de aflição,
Esse sorriso exacerbado não passa de medo,
e ela vai...
só riso, só riso...
Pensara então que nunca havia chorado tanto,
mas já havia,
a diferença é que as lágrimas nunca foram tão doloridas,
não sabe o que vai encontrar pela frente,
não sabe que rumo tomar
e se soubesse?O que faria?
Essa falta de limites não passa de dor,
Esse cigarro entre os dedos não passa de insegurança,
O pé no acelerador não passa de solidão,
e ela vai...
acelera a dor, acelera a dor....
Pensara que nunca havia procurado tanto por respostas,
mas já havia,
a diferença é que as perguntas nunca significaram tanto,
não sabe por onde andar,
não sabe onde pisar,
e se soubesse? O que faria?

(Jéssica Bittencourt)


E como já dizia Alice, esta que não vive em um país das Maravilhas:"A vida não é fácil, mas é uma só, e o único jeito que a gente tem é enfiar o pé no acelerador e sair vivendo."



Janaina acorda todo dia às quatro e meia
E já na hora de ir pra cama, Janaina pensa
Que o dia não passou
Que nada aconteceu

Janaina é passageira
Passa as horas do seu dia em trens lotados
Filas de supermercados, bancos e repartições
Que repartem sua vida


Mas ela diz
Que apesar de tudo ela tem sonhos
Mas ela diz
Que um dia a gente há de ser feliz
Ela diz
Que apesar de tudo ela tem sonhos
Ela diz
Que um dia a gente há de ser feliz
Se Deus quiser.....


Janaina é beleza de gestos, abraços,
Mãos, dedos, anéis e labios
Dentes e sorriso solto
Que escapam do seu rosto


Janaina é só lembrança de amores guardados
Hoje é apenas mais uma pessoa
Que tem medo do futuro- que aconteceu ? -
Se alimenta do passado


Mas ela diz
Que apesar de tudo ela tem sonhos
Mas ela diz
Que um dia a gente há de ser feliz
Diz
Que apesar de tudo ela tem sonhos
Ela diz
Que um dia a gente há de ser feliz
Se Deus quiser.....

Já não imagina
Quantos anos tem
Já na iminência
De outro aniversário
Janaina acorda todo dia às quatro e meia
Já na hora de ir pra cama, Janaina pensa
Que o dia não passou
Que nada aconteceu

(Biquine Cavadão - Janaína)


Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

(Lenine - Paciência)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pax.




Me deixem errar, por favor!
Deixem que meus erros sejam de méritos meus,
não me digam o que fazer,
não me digam aonde aquela estrada vai dar,
não me digam o que seria mais cabível,
o que seria mais maduro,
o que seria mais bonito,
e nem mais digno.
Digno mesmo é errar,
o erro é o prólogo do acerto,
o erro engrandece,
o erro enobrece.
Não é feio errar,
não é repugnante,
não é sujo,
não é intragável,
e nem imaturo.
Imaturo é pensar que se deve acertar sempre,
é não aprender que o acerto
na verdade é fruto do erro.
Então, por favor,
por amor, me deixem errar!
Deixem que eu me quebre,
que eu me fure,
que eu me corte,
que eu me esgane,
que eu me traia.
Traia o que se julga certo,
e erre!
e erre com gosto,
com vontade,
com vontade de acertar.

(Jéssica Bittencourt)



Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.
Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.
Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.
Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.
Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.
Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!
Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?
Sempre a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.
Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

(Paulinho Moska - A seta e o alvo)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Não há vagas.

Eu ando me descobrindo,
cada passo uma nova descoberta,
caindo,
levantando,
me peguei no flagra!
outro ser no mesmo ser.
Todo "ser" em um só ser.
Eu.
(Jéssica Bittencourt)




Rapte-me camaleoa
Adapte-me a uma cama boa
Capte-me uma mensagem à toa
De um quasar pulsando lôa
Interestelar canoa...
Leitos perfeitos
Seus peitos direitos
Me olham assim
Fino menino me inclino
Pro lado do sim...
Rapte-me
Me adapte-me
Me capte-meI
t's up to me
Coração
Ser querer ser
Merecer ser
Um camaleão...
Rapte-me camaleoa
Adapte-me ao seu
Ne me quitte pas...
(Caetano Veloso - Rapte-me camaleoa)



quarta-feira, 10 de junho de 2009

O mar


Lançaste teu amor ao mar,
ó pequena,
ainda hei de ver-te honrar.
Nesta cólera de angústias
não te vejo mais donzela,
já és mulher feita nesta tela.
Botaste teu amor em uma garrafa,
e nem o mais implacável dos mares o abafa.
Fechaste com a rolha,
não é a mais bela e pura das escolhas?
Mesmo de longe consigo sentir tua solidão,
por mais que insistas em sorrir com precisão.
Tua velha garrafa não é a única a boiar,
Também lançada a minha teima em ficar,
Pobre marinheiro há de encontrar.
(Jéssica Bittencourt)


Para minha queridíssima Mayara Oliveira.



É doce morrer no mar
nas ondas verdes do mar
A noite que ele não veio foi
foi de tristeza para mim
saveiro voltou sozinho
triste noite foi para mim
É doce morrer no mar
nas ondas verdes do mar
saveiro partiu de noite e foi
madrugada não voltou
o marinheiro bonito
sereia do mar levou
É doce morrer no mar
nas ondas verdes do mar
nas ondas verdes do mar
meu bem
ele se foi afogar
fez sua cama de noivo
no colo de Iemanjá
É doce morrer no mar
nas ondas verdes do mar
( Dorival Caimy - É doce morrer no mar)



terça-feira, 9 de junho de 2009

É...pode ser que a maré não vire...


Eu desejava que saíssem apenas coisas boas de minha boca
com relação a ti,
eu desejava te abraçar até que meus braços cansados
repousassem,
eu desejava te olhar com tanta ternura, até que tu pudesses
sentir o gosto doce de meus olhos ao te ver,
eu desejava te beijar profundamente até que tu perdesses
o fôlego,
eu desejava te sentir até que minha alma se fundisse a tua,
eu desejava te ouvir, apenas ouvir...
mas agora nem teu som me fascina,
e digo que é uma delícia te ter sem intenção,
e digo que é uma delícia não querer teu coração
agora me quero,
com a mesma ânsia que te queria.
(Jéssica Bittencourt)

Não venha querer se consolar
Que agora não dá mais pé
Nem nunca mais vai dar
Também, quem mandou se levantar?
Quem levantou pra sair
Perde o lugar
E agora, cadê teu novo amor?
Cadê, que ele nunca funcionou?
Cadê, que ele nada resolveu?
Quaquaraquaquá, quem riu?
Quaquaraquaquá, fui eu
Quaquaraquaquá, quem riu?
Quaquaraquaquá, fui eu
Ainda sou mais eu
Você já entrou na de voltar
Agora fica na tua
Que é melhor ficar
Porque vai ser fogo me aturar
Quem cai na chuva
Só tem que se molhar
E agora cadê, cadê você?
Cadê que eu não vejo mais, cadê?
Pois é, quem te viu e quem te vê
Todo mundo se admira da mancada que a Terezinha deu
Que deu no pira
E ficou sem nada ter de seu
Ela não quis levar fé
Na virada da maré
Mas que malandro sou eu
Pra ficar dando colher de chá
Se eu não tiver colher?
Vou deitar e rolar
O vento que venta aqui
É o mesmo que venta lá
E volta pro mandingueiro
A mandinga de quem mandingar
(Vou deitar e rolar - Baden Powell)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Au revoir, ralé.


Depois que tive pensamentos agressivos e infantis,
Depois que minha admiração se converteu em asco e meu respeito em repulsa,
refleti bem sobre a vida....
Tive a oportunidade de me sujar com o podre da lama...
E digo oportunidade, porque foi uma espécie de presente que a vida me entregou.
O podre da lama!Para que mais uma vez eu refletisse e me encontrasse
em uma rua, em um pôr do sol ou no simples chacoalhar das folhas ao vento.
E não é um peito machucado que diz isto, muito menos um coração dilacerado,
estes falam amargamente e agem por impulso.
Falo agora com a razão, esta que sabe ser sutil, doce e sábia quando deve ser.
Intragável ou não, a vida tem mania de nos testar, testes estes que muitas vezes
nos fazem agir de formas errôneas em nosso próprio conceito. Serão sempre sábias escolhas aquelas que tomamos sem titubear, pelo simples fato de fazermos aquilo que no momento nos é cabível com convicção e certeza.E ter convicções e certezas, por mais que momentâneas, em uma vida tão cheia de questionamentos, é no mínimo admirável.Não costumo confiar em quem é inseguro, me parece sempre que pessoas deste tipo agem seguindo um roteiro, um cronograma e a vida pede leveza, espontaneidade .Na minha concepção talvez um pouco extremista e radical, ninguém gosta pela metade, ninguém ama pela metade e ninguém pode se doar pela metade, ou é ou não é,todo ser humano é frágil e corruptível, e cabe apenas a nós a escolha entre passar pela vida ou a de ver a vida passar. Pelo incrível que pareça, muitas destas coisas eu aprendi observando não a vida, mas morte e o que ela nos representa.Depois que a lama se converteu em sabedoria, depois que minha razão tomou de volta o controle central de meu ser, percebi tanta coisa ao meu redor, tanta coisa que meus olhos impregnados de rancor não poderiam enxergar.

(Jéssica Bittencourt)

E como diria meu caro Augusto Boal,
" Somos todos 'espect-atores' ", agora
creio mais nisto do que em toda a história
da criação da Terra.


Amar como eu te amei, ninguém
Mas foi só provar do teu veneno
Eu fiquei largado no sereno
Aí me transformei
Já sei gostar de mim também
Chorar como eu chorei, ninguém
Mas chorar foi meu contra-veneno
Pois depois do meu pranto moreno
Eu me purifiquei
E agora eu já me sinto bem
Em teus braços fui brinquedo
Feito pedra falsa, furta-cor
No sereno eu vi que era um rochedo
Jóia de botar no dedo
Gema de minerador
Venha pro clarão da lua
Vamos ver quem tem real valor
Quem for o brilhante continua
E quem for pedra da rua
Vira anel de mercador
(Roberto Ribeiro - Pedra FALSA)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Delírios.




Eu gosto do que me gasta,
do que me vira a cabeça,
do que não tem pudor.
Eu gosto do que me estraga,
do que me faz sentir pavor,
do que me faz sentir prazer.
Eu gosto do que me é irresistível,
do que me enlouquece,
do que me faz perder o controle.
Eu gosto do que me é veneno,
do que me faz gargalhar,
do que me faz berrar.
Só assim me sinto,
Só assim sou,
Só assim tenho,
Só assim posso,
Só assim.

(Jéssica Bittencourt)




Muito do que eu faço
Não penso, me lanço sem compromisso.
Vou no meu compasso
Danço, não canso a ninguém cobiço.
Tudo o que eu te peço
É por tudo que fiz e sei que mereço
Posso, e te confesso.
Você não sabe da missa um terço
Tanto choro e pranto
A vida dando na cara
Não ofereço a face nem sorriso amarelo
Dentro do meu peito uma vontade bigorna
Um desejo martelo
Tanto desencanto
A vida não te perdoa
Tendo tudo contra e nada me transtorna
Dentro do meu peito um desejo martelo
Uma vontade bigorna
Vou certo
De estar no caminho
Desperto.
(Lenine - Martelo Bigorna)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

De que me vale.




Sigo assistindo a esse ballet horroroso que dançamos,
tanta coisa que não consegue sair de minha boca,
teus lábios,
parados,
aqui.
A cada passo do ponteiro é mais um milímetro
teu que me é tirado,
te perco,
me perco,
em ti.
E vamos no compasso
de um relógio descompassado,
de um ballet desritmado.
Sigo assistindo.
Existindo.
Resistindo.

(Jéssica Bittencourt)




Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma à sua
O sol não pode viver perto da lua
É no espelho que eu vejo a minha mágoa
É minha dor e os meus olhos rasos d'água
Eu na tua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor
Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma à sua
O sol não pode viver perto da lua
(O espinho e a flor - Nelson Cavaquinho)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Podia ter dormido sem essa.



Ali senti raiva de todos os seres da terra,
eu, ser terráquio, também era digna de minha própria raiva.
Lembrava do teu beijo e já nem me fazia sentido,
era nojo o que fazia sentido.
Vi naquele momento meus fantasmas gargalhando de minha desgraça.
Queria gritar, mas calei,
sem entender muito bem o que acontecia,
paralisada, prestava
atenção em coisa nenhuma.
Teimava em rodear em pensamentos insignificantes, que
não me levavam a lugar nenhum,
uma espécie de tentativa frustrada de solução.
era bem audível o cheiro dos meus olhos que soluçavam sem titubear.
água e dor, água e dor.
ardor.
(Jéssica Bittencourt)

Devagar
Esquece o tempo lá de fora
Devagar
Esqueça a rima que for cara.
Escute o que vou lhe dizer
Um minuto de sua atenção
Com minha dor não se brinca
Já disse que não
Com minha dor não se brinca
Já disse que não.
Devagar
Esquece o tempo lá de fora
Devagar
Esqueça a rima que for cara.
Escute o que vou lhe dizer
Um minuto de sua atenção
Com minha dor não se brinca
Já disse que não
Com minha dor não se brinca
Já disse que não.
Devagar, devagar com o andor
Teu santo é de barro e a fonte secou
Já não tens tanta verdade pra dizer
Nem tão pouco mais maldade pra fazer.
E se a dor é de saudade
E a saudade é de matar
Em meu peito a novidade
Vai enfim me libertar.
Devagar...
(Samba de um minuto - Roberta Sá)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

sexta-feira, 24 de abril de 2009

E o que tiver de ser será...será?


E ainda há de ser.
Duas almas nuas,cruas em uma só
Ainda há de ser nós dois.
Eu, você,
Em um só ser.
Ainda há de ser.

(Jéssica Bittencourt)




E o Comentário do dia é:
Quando se fala em liberdade já dá pra mim,
hoje deveria ser um dia horrendo desses que eu ando
vivendo,e devo dizer que tinha tudo para ser,
mas não foi,
fiz uma decisão,
e decisão para mim, ser tão indeciso é sempre vitória...
Certo? Errado?
Nem pensei...Agi.




Receita do dia:

Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim
Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel
Gritando nada é tão triste assim
É tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos
Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou
E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou
Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos
(Moska - Tudo novo de novo )

quarta-feira, 22 de abril de 2009

No próximo vagão.


Cortei os cabelos.
"Vontade mesmo de mudar"
Eu respondi.
Desde então, não tenho feito outra coisa.

Talvez eu esteja só precisando de um pôr do sol no Arpoador,
ou talvez de um grande amor.

Engoli a vida,
"Que indigesta!Quero apreciar!"
Eu rebati.
Desde então, não tenho feito outra coisa.

(Jéssica Bittencourt)


Hoje foi mais um desses dias normais, em que eu não sei onde começo e nem onde termino, um daqueles dias em que me questiono em que parte de mim mesma me perdi... Minha alma que pariu o mundo, insiste em amar tudo o que a sente... Amo tanto, que acabo por não amar. Não sou forte o bastante para superar as dificuldades? Tanto faz nesse momento. Este serzinho pequerrucho se cansou...
Por falta de amor, fechei-me para balanço.


Quem bater primeira dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer
Aponta pra fé e rema
É, pode ser que a maré não vire
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar
Será, Morena?
Sobre estar só, eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar
Dedicou-se mais
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?
Doce o mar, perdeu no meu cantar
Só eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar
Dedicou-se mais
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?

(Dois Barcos - Los Hermanos)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Porventura,acaso, talvez, quiçá.




É ilegal eu te ver dessa forma que vejo,
é ilegal essa forma com que nossos olhos teimam em entrar em sintonia,
é ilegal o que o acaso tem feito com a gente,
é ilegal eu te querer assim tão vorazmente,
é ilegal.
É ilegal o que sinto ao te ver,
é ilegal não pensar em mais nada que não seja você.
é ilegal o que o teu sorriso me transmite,
e usando de muito eufemismo, é ilegal a sensação boníssima que tenho ao teu lado.
eu diria que é ilegal também isso que nos une, que nos estraga, que nos tenta,isso que nem de longe eu já havia sentido,que me queima e que teima em me desafiar, isso que eu não saberia nem dizer o nome, mas que sinceramente É ILEGAL.
(Jéssica Bittencourt)







Meus olhos, famintos, não se cansam de te acariciar
Procuram sempre um novo ângulo pra te admirar
E sonham mergulhar na sua boca de vulcão
Provar todo o calor que há na sua erupção
Escorregar nos rios claros das margens dos teus pêlos
E encontrar o ouro escondido que brilha em seus cabelos
Devorar a fruta que te emprestou o cheiro
E talvez desfrutar de um amor puro e verdadeiro
Esquecer o espaço, o tempo e o viver
Perder a noção do que é ter a noção do perder
Se um dia eu fui alegria ao te conhecer
Agora canto porque sinto a dor de não te ter.
(Paulinho Moska - Admiração)



É ilegal baixar arquivos protegidos por direitos autorais. Entendam como quiser.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Cigarettes.




Quebrei,
rompi,
Falei como que em um impulso,
"Nunca senti prazer no teu prazer!"
Agora me sinto bem...Bem mais leve.
Tudo bem,já não fazia o mínimo sentido mesmo!
"Cigarros? Nunca mais!"
Eu disse.

(Jéssica Bittencourt)




Já lhe dei meu corpo
Minha alegria
Já estanquei meu sangue
Quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor...
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água...
Já lhe dei meu corpo
Minha alegria
Já estanquei meu sangue
Quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor...
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água
Pode ser a gota d'água
Pode ser a gota d'água....
(Chico Buarque - Gota D'água)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Comentário infeliz.



Você chorou em cena,
Essa poesia é muito boa.
Tinham uns cabos no chão, eu tinha medo de tropeçar.
Ele não é gordo, só tem barriga.
Você acha ele bonito?
Café com pão, café com pão, café com pão.
Morte prematura.
Pega a chave e abre a porta lá embaixo.
Cecília Meirelles.
Faz com que eu sinta que amar é não morrer.
Escarra nessa boca que te beija!



Tudo se confundia assim em minha mente,
confusa, eu lia sem exaltar,
café com pão, café com pão,
cada vez mais rápido.
Sensações de arrepio, flashes da noite anterior,
tonturas,mau humor,
eu, embriagada pelo meu próprio veneno
desejava estar em algum outro lugar qualquer,
não que fosse ruim, o ruim ali era eu.
No mais profundo amago...faleci... assim, sem que ninguém percebesse.
Morta, ali fiquei, até que o cheiro podre de meu olhar vazio repousasse sobre minha cama fria.

(Jéssica Bittencourt)



Eu não sei o que o meu corpo abriga
Nestas noites quentes de verão
E nem me importa que mil raios partam
Qualquer sentido vago de razão
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Outra vez vou te cantar, vou te gritar
Te rebocar do bar
E as paredes do meu quarto vão assistir comigo
À versão nova de uma velha história
E quando o sol vier socar minha cara
Com certeza você já foi embora
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Outra vez vou te esquecer
Pois nestas horas pega mal sofrer
Da privada eu vou dar com a minha cara
De panaca pintada no espelho
E me lembrar, sorrindo, que o banheiro
É a igreja de todos os bêbados
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Down... down
(Cazuza - Eu ando tão down)





Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão
esta pantera
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo.
Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
(Versos íntimos - Augusto dos Anjos)

terça-feira, 31 de março de 2009

Desabafo noturno.


Hoje eu não quero falar de felicidade, e nem de teus lindos olhos,
não quero fazer poeminhas agradabilíssimos que venham a te
fazer sorrir,e nem nostálgicamente falar sobre a saudade que sinto em meu ser,
hoje eu quero falar sobre o que nunca costumo falar
e ser o que eu nunca costumo ser, amarga, seca e vazia.
Delicie-se com o sabor do dissabor!

Pratos do dia:

Irritante.
Digo que até o sussurrar de tua voz me agoniza.
E eu que nunca fui de antipatias,
para ti não consigo esboçar uma mísera felicidade.
Irritante.
Até um assobiar que venha de ti são de magoar meus tímpanos.
Feio é esse teu modo provinciano de ver a vida.
Feio é não viver a vida feito tu fazes.
Feio é quaisquer coisa que venha de ti.

(Jéssica Bittencourt)


Agora, me recolho dentro de mim,
já não faz mais sentido vomitar palavras,
bravas, sombrias,
que não venham a falar uma qualidade tua sequer,
elas existem?
Já nem sei.
(Jéssica Bittencourt)

E de saideira:

Ridiculissimos são teus pensamentos,
nem te amo, nem te odeio,
me é dissabor qualquer minuto ao teu lado,
me é desamor te aturar um segundo que seja.
Ridiculíssimo és tu por completo!
(Jéssica Bittencourt)


segunda-feira, 30 de março de 2009

(Um parêntese)


Apaguei.
Respirei.
Fiz de novo.
Dizem que devemos sempre recomeçar, não é mesmo?
Ainda mais quando se trata da nossa própria história.
(Jéssica Bittencourt)


Deixo tudo assim.
Não me importo em ver a idade em mim,
Ouço o que convém.
Eu gosto é do gasto.
Sei do incômodo e ela tem razão
Quando vem dizer que eu preciso sim
De todo o cuidado.
E se eu fosse o primeiro
A voltar pra mudar o que eu fiz.
Quem então agora eu seria?
Ahh tanto faz!
E o que não foi não é,
Eu sei que ainda vou voltar...
Mas, eu quem será?
Deixo tudo assim, não me acanho em ver vaidade em mim.
Eu digo o que condiz.
Eu gosto é do estrago.
Sei do escândalo e eles têm razão.
Quando vem dizer que eu não sei medir,nem tempo e nem medo.
E se eu for o primeiro a prever e poder desistir do que for dar errado?
Ahhh, ora, se não sou eu quem mais vai decidiro que é bom pra mim?
Dispenso a previsão.
Ahhh, se o que eu sou é também o que eu escolhi ser aceito a condição.
Vou levando assim.
Que o acaso é amigo do meu coração
Quando falo comigo, quando eu sei ouvir...
(O velho e o moço - Los Hermanos)



domingo, 22 de março de 2009

Théatrê... Passion, Liberté et art.


Não desisto, porque amo.
E amo tanto, do amar mais profundo e enraizado que já existira.
Não desisto, porque amo.
E amo tanto, e com verdadeira paixão cada pedaço que me é pedaço de mim.
Não desisto,porque amo.
E amo tanto, cada uma das mil almas que pari em cima do palco.
Não desisto,porque amo.
E amo tanto, que sou mistura do que amo com o que amo.
Não desisto,porque amo.
E amo tanto, que cada dificuldade me é satisfação, solução, outra dimensão.
Não desisto, porque amo.
E amo tanto, que não desisto.
Não desisto, porque amo.

Ao meu primeiro, único e verdadeiro amor... O teatro.

(Jéssica Bittencourt)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O vôo.


Ela quis voar...
Se despediu e foi embora,
não sorriu como costumava sorrir
e nem desejou o que costumava desejar.
Sentia o peso do mundo, desistiu de carrega-lo.
Desistiu do amor, da dor,
da paixão, da multidão,
do abraço, do laço,
do verde e da sede.
Voou para o nada,
voou sem saber qual era a próxima escala,
sem passagem de volta...
Respirou fundo, atou o cinto,
e sem pensar mais, se foi...
E agora? Sorri em que lugar? Em lugar nenhum? Em um bem melhor lugar?
Sorri em cada um que fora junto dela,
sorri nas lembranças, estas que nunca hão de ir com ela.
Simplesmente voou...
Se despediu e foi embora.

Para alguém que não me conhecera tão profundamente, mas decidira voar.
Também para outro alguém, outro queridíssimo e saudoso alguém, que em um passado não muito distante, decidira voar também.
Voem juntas queridas, como pássaros, voem juntas minhas queridas... mas não esqueçam de voar por aqui, mas não esqueçam de sorrir por aqui.
Aos amigos, estes muitos em comum, digo que espero que encontrem a mesma força que encontrei a alguns anos atrás,
e que aceitem, devemos sempre aceitar a decisão de quem amamos, por mais dolorosa que nos seja.
em memória a Raphaela Palácio e Bebel.
(Jéssica Bittencourt)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Tempo, tempo, tempo, tempo...


Como quem não quer dizer adeus, eu fui...
guardei em mim, deixei ali... pessoas...
existem pessoas... AQUELAS pessoas...
que fazem tudo parecer mais leve, mais suave, mais doce...
é como andar em nuvens, cair e não se machucar ou como
quando se é criança e que tudo é motivo de riso ou de choro.
Doce mesmo é se estar com quem se gosta, amargo talvez seja o contrário...
É chato dizer adeus...
Partir... Partir o coração...
Partir laços... Partir lugares... Partir...
Lembranças não partem, não sabem dizer adeus , elas ficam onde estão,
exatamente como no dia que brotaram.
Não se perdem, sempre sabem o caminho
até os olhos, é nessa hora que elas passam a ser palpáveis...e derramam, fogem de dentro, querem correr pra bem longe e sempre voltar.
O tempo costuma nos assustar, mudar sem pedir lincença, se transformar em passado quando ainda é cedo, se transformar em passado quando ainda se quer ser presente.
Faz com que o futuro seja sempre incerto, assustador, inimaginável...
O tempo tem dessas coisas, cria laços, destrói laços, cria laços, destrói laços...
Mas existem pessoas, AQUELAS pessoas, que o tempo, Maligno vilão, não consegue apagar, é nessa parte da história que ele se transforma no mocinho e faz com que a distância aumente laços, com que as lágrimas dêem mais força e com que as pessoas, AQUELAS pessoas se tornem cada vez mais especiais.


Para meus amigos, família e todos que me fazem sentir felicidade.
Espero que o tempo tenha sido tão mocinho pra vocês quanto tem sido pra mim.
(Jéssica Bittencourt)


Amigos a gente encontra
O mundo não é só aqui
Repare naquela estrada
Que distância nos levará
As coisas que eu tenho aqui
Na certa terei por lá
Segredos de um caminhão
Fronteiras por desvendar
Não diga que eu me perdi
Não mande me procurar
Cidades que eu nunca vi
São casas de braços a me agasalhar
Passar como passam os dias
Se o calendário acabar
Eu faço contar o tempo outra vez, sim
Tudo outra vez a passar
Não diga que eu fiquei sozinho
Não mande alguém me acompanhar
Repare, a multidão precisa
De alguém mais alto a lhe guiar
Quem me levará sou eu
Quem regressará sou eu
Não diga que eu não levo a guia
De quem souber me amar

(Quem me levará sou eu - Manduka\Dominguinhos)


E agora, de sobremesa, vamos comer Caetano...
"Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo..."

(Oração ao tempo - Caetano Veloso)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Desistir.


Desistir não faz parte do que sei,
não o sei,
nem o quero.
Desisitir é como achar que se sabe muito do futuro,
é caminhar, sentir os pés doloridos e amputa-los,
quando vejo no espelho, finjo que sei o que vejo,
mas sei... que não desisto.
desistir não faz parte de mim.
não é coisa minha,
de meus dedos, de meu corpo, de minha mente.
não é algo que brota em mim
nem que me dá vontade e passa de repente.
se o fosse, não seria eu,
desisto de entender quem desiste.
(Jéssica Bittencourt)

Sonetos de saudade.


Mais uma vez o cheiro, o frio
lembranças do que fomos,
desvario, desvario.
E então, nessa bagunça, onde ficamos?

Na inocência já tão pouco inocente de nossa juventude,
na neblina, no banco, nas montanhas,
um alarde, mais que tempestade.
Guardei, cravei em minhas entranhas, estranhas.

Eu aniquilei o sonho,
acabei com tudo que queriamos ser,
construi um moinho,

Não quis te ter,
te fiz tristonho,
Agora mais uma vez tenho que romper.

(Jéssica Bittencourt - Soneto da serra)



Nasci,
agora as palmas, os risos,
distantes do que vi,
saudade, passados.


amores ausentes,
data especial,
sorris, mas no fundo mentes,
a presença me seria enssencial.

A escolha da ausência foi minha,
a escolha de sentir saudade,não.
lembranças, casinha.


colorida, enfeitada, balão.
princesinha,
meu coração, no enorme saguão.


(Jéssica Bittencourt - Soneto da nostalgia)



Parece que dizes
Te amo, Maria
Na fotografia
Estamos felizes
Te ligo afobada
E deixo confissões
No gravador
Vai ser engraçado
Se tens um novo amor
Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece dezembro
De um ano dourado
Parece bolero
Te quero, te quero
Dizer que não quero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
E desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhadosInsanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
(Anos dourados - Chico Buarque)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Aprazível.


profusão de confusão.
distração por conta de uma ilusão.
indecisão, uma interrogação.
indo pela intuição, pelo coração.
simples fascinação.
me é auto - destruição, escuridão.
mais que uma canção, tanta emoção.
traição?
a razão?Escorpião.
meu furacão.


agora vem, e me mata com teu veneno!


(Jéssica Bittencourt)





Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é prá te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...
E também prá me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...
Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...
E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...
Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...
Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...
Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...

(Tatuagem - Chico Buarque)

domingo, 11 de janeiro de 2009

Furacão.




Hoje estou só para mim,
ao meu ver, nem é tão ruim,
nem meus fantasmas tem vez,
só eu e minha embriaguez.

Sem norte, sem rumo.
nem leste e nem oeste me encontraram hoje.
me consumo.
me vi aqui, como se ontem estivesse esquecido de hoje.
hoje, um resumo de nada, um resumo.

Quando não se sabe o que fazer, o que se faz?
eu, minha cama, alguns livros ...
isso me traz?
são sonhos, os que me fazem acordar, sonhos.

Hoje estou só para mim
e ao contrário do que pensei, é sim tão ruim,
meus fantasmas, todos tem vez,
um por um, de cada vez.
E minha solidão? sempre ali, tão presente,
Em mente.
Nunca sucumbe ao pó.
a única companhia que me faz sentir SÓ.

Hoje estou só para mim
Hoje estou dentro de mim.
estou para meu egocentrismo,
meu pessimismo.
minha solidão,
mais tarde, uma bela canção,
Piaf, Chico, Tom, qualquer uma que me traga emoção.

Hoje estou só para mim.

(Jéssica Bittencourt)



"Quero cheirar fumaça de óleo diesel, me embriagar até que alguém me esqueça."
(Cálice - Chico Buarque)









Você diz que não me reconhece, que não sou o mesmo de ontem
E que tudo o que eu faço e falo não te satisfaz
Mas não percebe que quando eu mudo é porque
Estou vivendo cada segundo e você
Como se fosse uma eternidade a mais
Sou um móbile solto no furacão...
Qualquer calmaria me dá... solidão
Na última vez que troquei meu nome
Por um outro nome que não lembro mais
Tinha certeza: ninguém poderia me encontrar
Mas que ironia minha própria vida
Me trouxe de volta ao ponto de partida
Como se eu nunca tivesse saído de lá
Sou um móbile solto no furacão
Qualquer calmaria me dá... solidão
Quando a âncora do meu navio encosta no fundo, no chão
Imediatamente se acende o pavio e detona-se minha explosão
Que me ativa, me lança pra longe pra outros lugares, pra novos presentes
Ninguém me sente...Somente eu posso saber o que me faz feliz
Sou um móbile solto no furacão
Qualquer calmaria me dá... solidão

(Um móbile no furacão - Moska)